segunda-feira, 13 de julho de 2009

Don't go away

"When I get to Warwick Avenue
Please drop the past and be true
Don’t think we’re okay
Just because I’m here
You hurt me bad but I won't shed a tear"
Warwick Avenue - Duffy


Tinha escolhido uma mesa do lado de fora pois sabia que ela adorava o brilho do sol aquela hora no outono, quando a garota chegou ele, de forma desajeitada, levantou-se mas ela simplesmente fez um “oi” com um aceno de cabeça e sentou a sua frente. O silencio foi quebrado pelo garçom entregando os cardápios e dizendo que era para chamar assim que escolhessem:
- Acho que vou pedir um chocolate quente.
- Não quer mais nada? Aqui tem aquela torta holandesa que você adora. – disse o rapaz tentando quebrar o gelo.
- Não. Só o chocolate mesmo. – por mais que gostasse estava com o estomago revirado para conseguir comer alguma coisa.
Fizeram os pedidos e ficaram em silencio.
- Obrigado por ter vindo. Por ter me dado a chance de explicar.
- Não poderia ser diferente. É injusto não deixar.
- Você está fria
- Não
- Está sim. Não queria que estivesse assim.
- Deveria ter pensado antes
- Não queria te machucar...
- Tarde demais pra isso.
- Terminei com ela. Quero ficar com você.
Ela olhou para o lado desviando o olhar e fitando o sol que começava a se pôr
- Não vai dizer nada?
- Não tenho o que dizer. Imaginei você me falando isso tantas e tantas vezes. Desejei tanto. Quis tanto... mas agora... não sei.
- Não consigo viver sem você.
- E eu não consigo viver com você.
Ele abaixou a cabeça e brincou com a espuma em cima do cappuccino.
- Você disse que eu era livre...
- É não é? Escolheu o que tinha que escolher.
- Mas foi uma escolha errada. Agora quero ficar com você
- Não, você nunca me escolheu. Eu sou a segunda opção. Sempre fui...
- Nunca foi a segunda... sempre foi a primeira.
Ela sorri com o canto da boca de forma descrente.
- Você nunca acredita em mim. Às vezes me pergunto se um dia chegou a acreditar.
- Acha que estaria aqui se não houvesse acreditado, ao menos, uma única vez?
Ela era esperta, isso ele tinha que admitir. Sempre rápida em suas respostas e geralmente o deixando sem palavras.
O silencio pairou sobre eles outra vez.
- É o fim?
- Não temos outra escolha...
- Não quero.
- Não temos outra escolha.
- Temos sim. Você tem. Por favor.
- Não tenho outra escolha.
Ele abaixou a cabeça e ela pode ver algumas gotas caírem sobre a toalha. A garota deu um suspiro dolorido, deixou o dinheiro do chocolate em cima da mesa e simplesmente partiu.

Um comentário:

Marcelo Fabri disse...

Olha...eu li esse texto depois de uma garrafa inteira de vinho...sei que ia gostar dele mesmo assim...o álcool não afetou meu senso crítico...mas uma coisa que sóbrio eu não sentiria, foi uma sensível e doce identificação com os personagens...não que tenha acontecido comigo, mas me senti bastante tocado...como uma música romântica.
Veja essa letra de João Donato:
http://letras.terra.com.br/chico-buarque/554812/
Já ouvi com o Chico Buarqeu e com a Nana Caymmi.
Adorei o texto!